domingo, 25 de novembro de 2012

Nota sobre as Alianças do Psol em Belém e Macapá


 
DIRETÓRIO MUNICIPAL DE MARABÁ - PA

  
Nota sobre as Alianças em Belém e Macapá

 

Fomos surpreendidos com a notícia de que Lula e Dilma apareceria no programa de televisão do PSOL. Mesmo já sabendo do apoio anunciado pelo PT à candidatura do Edmilson, o qual interpretamos como uma contradição do PT e não nossa. Mas, não foi só um apoio, foi uma aliança mais profunda.

Achamos que tal aliança desrespeitou a militância partidária que construiu uma alternativa política nestas eleições. Militância essa que enfrentou o lulismo. Lula e Dilma se aliaram ao que há de mais podre na política nacional, como Eduardo Paes no Rio de Janeiro, Maluf em São Paulo e Jader Barbalho em Belém e muitos outros no Brasil. Utilizaram-se da máquina pública para tentar eleger os candidatos da base governista colocando seus ministros para fazerem campanha.

Essa aliança rasgou o programa partidário. O PSOL não surgiu como oposição oportunista ao governo Lula. Rompemos com o PT por definição de classe e programática. Saímos do PT quando percebemos o esgotamento desse partido como ferramenta de luta para o povo. Discordamos quando Lula aprovou a reforma da previdência de 2003 e expulsou os radicais do PT. Estivemos na linha de frente denunciando o Mensalão, e junto com os trabalhadores em todas as greves do serviço público federal. Denunciamos a política econômica do governo perante a crise.

E agora, nessas eleições vimos que pra ganhar uma prefeitura nos aliamos com o inimigo. Mas, o pior foi mesmo defender o inimigo e suas realizações, como minha casa minha vida, que manteve os lucros das construtoras. Depois da maior greve da educação federal por melhores condições de trabalho e educação com qualidade, onde a juventude do PSOL teve uma forte participação, levaram para a TV o Ministro da Educação Aluísio Mercadante. Edmilson assumiu nos debates, que iriamos governar de mãos dadas com a Dilma, para isso ocorrer PSOL teria que ser base do governo, será que foi esse o acordo?

Entendemos que, a aliança com PT em Belém e PTB e DEM em Macapá, é a expressão de uma política eleitoreira defendida pelo presidente do PSOL Ivan Valente e sua corrente (Dissidência da APS). Essa tática eleitoral mostra que o horizonte estratégico de uma parte da direção nacional é apenas eleitoreiro. Perfil que o PT assumiu quando deixou de lado a mobilização do povo para apostar, que através de vitorias eleitorais pode-se fazer mudanças. Mas, essa estratégia eleitoral só tem viabilidade quando nos aproximamos de partidos representantes dos interesses burgueses como o ocorrido em Belém e Macapá.

Repudiamos a linha política e as alianças que foram feitas no segundo turno em Belém e Macapá. Nossa luta no próximo período será combater as posições oportunistas que desviam o partido de seu perfil fundacional. O diretório municipal faz um chamado a militância partidária à combater a política expressa em Belém e Macapá. Repudiamos também o apoio recebido do PDT de Giovanni Queiroz e do prefeito eleito de Marabá João Salame (PPS) que ambos representam na política os latifundiários da região sul e sudeste do Pará.

 

Diretório Municipal PSOL Marabá

 

Nota sobre as eleições municipais de 2012

Executiva Municipal do PSOL Belém

As eleições de 2012 foram um momento de vitória política e eleitoral para o PSOL. Obteve 2,39 milhões de votos para candidatos a prefeito no primeiro turno, superando partidos tradicionais como PV e PCdoB. Saiu politicamente mais respeitado, ampliou sua bancada de vereadores/as, elegeu seu primeiro prefeito no primeiro turno e foi ao segundo turno em duas capitais. Isto foi viabilizado tanto pela ação do próprio partido como por uma conjuntura mais favorável que a de 2008.
 
Ainda que tenha havido diversidade nas campanhas, elas em geral foram feitas pela esquerda, diferenciando o PSOL tanto dos partidos da direita tradicional quanto dos partidos do bloco de sustentação do governo federal. A visibilidade do PSOL cresceu muito, e ele se tornou um partido atrativo para uma parcela importante da população, especialmente uma grande parte da juventude. Ao mesmo tempo em que isto abre boas possibilidades para a construção do P SOL como partido socialista e para o desenvolvimento de um projeto de socialismo, impõe também novas responsabilidades. As ações do PSOL passam a estar muito mais sob o escrutínio da população.
 
Tudo isto aumenta muito a gravidade de opções tomadas por setores do partido, em parte desde o primeiro turno das eleições, e muito mais no segundo turno; este se constituiu num verdadeiro desastre. De fato, foram feitas claras agressões contra o caráter de esquerda, socialista e democrático do partido.
 
As opções mais negativas foram feitas pelo setor dirigente no PSOL do Amapá, especialmente pelo senador Randolfe Rodrigues e pelo prefeito eleito de Macapá, Clécio Luís. O senador Randolfe e a direção do PSOL-AP já haviam sido advertidos pelo Diretório Nacional do PSOL em dezembro de 2010, por terem feito uma aliança informal com o PTB no primeiro turno, apesar da proibição expressa da Executiva Nacional, e pelo apoio ao candidato a governador do PTB no segundo turno. Em 2012, no primeiro turno, houve apoios do senador Randolfe Rodrigues e do PSOL-AP a candidatos de partidos com os quais o DN-PSOL havia expressamente proibido alianças. No segundo turno de Macapá, o quadro piorou: o PSOL celebrou, em ato político público, uma aliança com o DEM, o PTB e o PSDB; representantes do partido deixaram claro que a aliança se fazia também para governar, e para depois.
 
À gravidade dos fatos em si mesmos se somou a duplicidade do discurso do senador Randolfe Rodrigues e do prefeito eleito Clécio Luís. Em declarações para o público de Macapá e para a grande imprensa eles têm reafirmado a ideia de que a aliança com os três partidos da direita mais tradicional foi realmente celebrada, e acrescentado que o PSOL deve aprender a compreendê-la e aceitá-la. Já em declarações para o público interno do partido eles têm procurado minimizar o fato, dizendo que houve apenas aceitação de apoios, e que, no máximo, “em momento de empolgação pelos apoios recebidos de parte dos que naturalmente se alinhariam com nosso adversário houve menção às eleições de 2014 que permitiu interpretação errada em nossa militância de que haveria acordos futuros”. Obviamente trata-se de uma explicação inverossímil. De conjunto, tem-se caracterizado um comportamento desleal em relação ao PSOL. Ora, a linha de alianças amplas e duradouras com partidos e figuras emblemáticas da direita mais tradicional, seguida pelos dirigentes do PSOL-AP desde 2010, é incompatível com um partido socialista minimamente coerente.
 
Diferentes, mas também graves, foram as opções tomadas pela candidatura do PSOL a prefeito em Belém (neste caso, sem acordo da direção municipal do partido, que não foi consultada). Se não descaracterizaram inteiramente o PSOL como um partido socialista, elas o descaracterizam enquanto oposição de esquerda aos governos Lula e Dilma. Confundiram as fronteiras entre o esforço do PSOL de construir uma esquerda socialista conseqüente e a linha social-liberal do PT, que não apenas subordina este partido aos interesses da grande burguesia brasileira e internacional como, de fato, o torna seu representante. É importante termos claro que o problema não foi o PSOL ter recebido apoio do PT no segundo turno; isto seria normal, nas circunstâncias. O problema foi, em primeiro lugar, este apoio ter-se dado por meio de declarações de Lula, Dilma e diversos ministros de seu governo no programa do PSOL; em segundo lugar, estas declarações terem feito a defesa dos governos do PT; e, em terceiro lugar, a adoção pela candidatura do PSOL da linha de que Edmilson seria um bom prefeito por contar com a parceria do governo federal. O que se sugeriu não foi uma relação republicana entre os vários níveis de governo, mas uma relação de acordo político especial.
 
Com tudo isto, além de as fronteiras político-programáticas entre o nosso partido e o PT terem sido apagadas, o PSOL assumiu a responsabilidade pela defesa dos governos do PT feita por Lula, Dilma e seus ministros. Ora, sabemos que os argumentos usados por eles são falsos. Dar-lhes credibilidade implica mentir ao povo, coisa que um partido socialista, que aposta na auto-organização popular e, logo, no avanço da consciência dos setores explorados e oprimidos da população, não pode fazer nunca. Tão grave quanto isso, é que esse caminho, como mínimo, sugere, que estaria em questão no PSOL sua vocação de ser uma oposição de esquerda programática ao modelo global de política econômica, social e ambiental dos governos do PT 2003. Estaria em questão a razão de ser do PSOL para recolocar ao país o projeto de uma esquerda socialista coerente.
 
Os problemas da linha seguida pelo PSOL no segundo turno, tanto em Macapá quanto em Belém, tornaram-se piores por se vincularem a um grande deterioração da democracia interna no PSOL. Não houve democracia no PSOL de Belém na direção da campanha; e, nacionalmente, o presidente do partido agiu como presidente apenas de seu grupo político, recusando-se a permitir que o Diretório Nacional do PSOL ou sua Executiva Nacional se expressassem sobre o desastre em curso e pudessem evitá-lo.
 
Além dos casos já citados do estado Amapá, houve em outros estados, no primeiro turno, coligações proibidas pelo Diretório Nacional. Tal como feito em 2008, o normal é que os vereadores eleitos nestes casos sejam desligados do partido. A análise da atuação destes candidatos eleitos, bem como a análise das ações de todos (as) os (as) responsáveis por estas coligações proibidas, devem ser remetidas à Comissão de Ética Nacional do PSOL.
 
Sendo assim a Executiva Municipal do PSOL de Belém pede a expulsão dos quadros de filiados do partido o Senador Randolfe Rodrigues e do Prefeito Eleito de Macapá Clécio Luis ambos do Estado do Amapá.


Belém-PA, 22 de novembro de 2012.