PROGRAMA DE GOVERNO DA
FRENTE DE ESQUERDA
Por uma
Cidade Inclusiva com Protagonismo Popular
Marabá,
uma cidade com 99 anos de emancipação política e com muitas histórias para
contar. Mesmo não estando entre as mais antigas do Pará, poucas cidades
experimentaram tantas mudanças políticas, econômicas e sociais como ocorridas
aqui.
A cidade
tem sua origem sócio-econômica no extrativismo do cauche e da Castanha do Pará,
onde predominavam, nesse período, o mandonismo das famílias concessionárias das
terras onde extraiam esses produtos. Essas conseções atendiam o interesse do
Estado e de grupos políticos oligarquicos locais.
A partir
da descoberta de minério de ferro na região e a implementação de políticas
voltadas para valorização mercantil e exportação do minério, a ordem econômica
local mudou completamente, valorizando o discurso do desenvolvimento, sem no
entanto alterar substancialmente o poder das elites locais que perdem a
hegemonia, mas continuam no poder.
A
política governamental na região se deu durante a Ditadura Militar,
interessados em criar infraestrutura necessária à exploração mineral
impulsionaram a migração de trabalhadores para região. Muitos trabalhadores
iludidos pela possibilidade de adquirir um pedaço de terra e trabalho chegavam
dos mais diversos estados. Mas a terra fácil, já estava loteada para grandes
latifundiários e pecuaristas de outras regiões que tinham acesso a
informações sobre as melhores terras para a agricultura e as áreas que iriam ser
valorizadas a partir da infraestrutura construídas pelo governo, por exemplo:
Hidroelétrica de tucurui, estradas e Companhia Vale do Rio Doce. Já os
trabalhadores tiveram que se contentar com áreas isoladas e de difícil
utilização para agricultura. Esses trabalhadores foram a mão de obra
necessárias para a produção da riqueza que
hoje é exportada. Para esses trabalhadores ficaram apenas a miséria. Essa forte
migração de trabalhadores ocasionou o desmembramento de Marabá em outros
municípios como conhecemos hoje, Parauapebas,
Eldorado do Carajás, Curionôpolis, etc. Um
rearranjo geográfico e político na região.
Essa
nova ordem econômica baseada agora na extração mineral e em grandes
empreendimentos coordenados pelo Estado para viabilizar a produção e venda de
minérios ao exterior, potencializando o interesse do capital internacional na
região produziu uma situação de caos social presente até os dias atuais,
marcado pelos conflitos agrários, inchaço populacional, aumento da
criminalidade, desordenamento urbano, serviços públicos precários, etc.
Portanto,
a partir do fim da década de 60 a indústria de extração e transformação mineral,
os grandes projetos implantadas pelo Estado aliado à uma politica de incentivos
fiscais ao capital nacional e internacional monopolizou a terra urbana e rural negligenciando
o cidadão e o futuro de Marabá. De modo que nos dias atuais continuamos na
expectativa do desenvolvimento e os governos continuam submetidos ao capital
financeiro e industrial nacional e internacional, tal como outrora, os
empreendimentos atuais, que promovem o “novo desenvolvimento” marcado pela
limitação da cidadania e do direito à cidade caracterizadas pelo carater
primário da atividade minerária, incentivos fiscais e financeiro dos governos,
relações de trabalho flexibilizadas, aumento populacional, precarização dos
serviços publicos da saúde, educação, saneamento, moradia, lazer, esporte,
cultura, etc.
Assim os
trabalhadores(as) que fizeram a historia de Marabá sempre ficaram com o ônus do
desenvolvimento capitalista. É preciso construirmos uma alternativa política
que mude esta realidade em Marabá, que possa conduzir de forma democrática e
com o povo suas lutas, visando a construção do poder local baseado numa
lógica diferente do que se fez até hoje. Sem ilusões dos mega projetos que
pouco contribui para a melhoria de vida do povo marabaense.
Diante
desse cenário só podemos propor politicas publicas para Marabá a partir da
discussão de um modelo de desenvolvimento alternativo ao atual, que promova uma
efetiva inclusão cidadã, socializando espaços e bens comuns, efetivando uma
reforma urbana tornando a cidade inclusiva para todos: homens, mulheres,
crianças, pessoas com deficiencia, pedestres, ciclistas, veiculos automotores,
enfim, humanizar a cidade, ou seja, ações indutoras de uma sociedade justa e
fraterna que potencialize os mecanismos de emacipação de homens e mulheres.
Por fim,
cremos que tão importante quanto o sonho são os sonhadores. Assim, nós
militantes do Partido Socialismo e Liberdade-PSOL, propomos um projeto de
transformação político, econômico e social para Marabá. Para alcançarmos esses
ideais expomos abaixo, por eixo temáticos, nossas propostas.
1 - Gestão e
Democrácia
Promoção
de instrumentos de decisão popular, como referendos, plebiscitos, congressos da
cidade, assembleias e dando mais autonomia e poder aos conselhos. Promovendo
mecanismos de mobilização popular para debater temas inerentes à cidade e às
comunidades onde possam ser protagonistas do processo de tomada de decisão
sobre o bem público;
Combate
à corrupção. Precisamos abrir as contas públicas criar auditorias públicas sob
controle social permanente. Redução radical dos cargos de confiança com
valorização dos servidores públicos concursados. Entendemos que o público não
pode servir a interesses privados, como loteamento de secretárias, contratação
de parentes e amigos, fazer da estrutura municipal verdadeiro comitê de
campanha em ano eleitoral de grupos partidários.
Economia Solidária. Estimulação de uma nova economia
na cidade baseada na cooperação e na solidariedade, envolvendo os micro e
pequenos proprietários, os trabalhadores autônomos, informais e desempregados,
estimulando sua auto-organização em empresas coletivas.
2 – Educação
Entendemos
educação como dever do estado, ou seja, responsável pela qualidade do sistema
educacional municipal. Temos que reverter o processo de sucatemento das escolas
públicas, melhorar a estrutura física, valorizar os profissionais da educação
possibilitando avanços em seus plano de carreira que gestões municipais se
negam a conceder. Mobilizar estudantes e os trabalhadores da educação para que
possam determinar os rumos, enfrentar opositores a mudanças radicais na educação
municipal, uma luta contra a mercantilização da educação que exclui da maior
parte da população uma educação de qualidade e emancipadora. A mercantilização da educação transforma a educação em
mercadoria, o financeiro determina acesso a qualidade de ensino, destrói a
escola pública para que o ensino privado se fortaleça como alternativa a
prestação do serviço público.
Defesa
dos 10% do PIB para educação;
Aplicar
30% porcento da arrecadação municipal na educação a partir do segundo ano de
governo;
Valorização
dos trabalhadores na educação, implantando plano de carreira unificado
(incorporando professores, agentes de portarias, merendeiras e técnicos);
Regulamentar
eleições para direção de escola;
Criar
indicador de qualidade de vida dos profissionais da educação;
Definir
metas de diminuição do numero de alunos por sala de aula, tendo por objetivo
alcançar em 04 anos 20 alunos por sala para estudantes até o sexto ano e 30
alunos para estudantes até o nono ano;
Ampliar a oferta de vagas para o
ensino fundamental;
Assegurar
o funcionamento dos conselhos escolares deliberativos, como instrumentos de
construção coletiva e democrática das propostas políticos pedagógicas das
unidades escolares;
Ampliar
a rede de creches e educação infantil;
3 – Saúde
Nosso povo tem sua saúde sob ameaça em consequência de um sistema de saúde sucateado. Os meios comunicação mostram um constante
caos na saúde pública, caos causado pela péssima gestão de dinheiro público
envolvendo corrupção e princípios de mercantilização da saúde.
Fortalecer a atenção primária como
estruturante do sistema de saúde, garantido a ampliação e qualificação da
estratégia saúde da família, construindo uma rede de serviços de cuidados integrais de saúde em todos os ciclos de
vida. Isso somado a valoração dos profissionais da saúde através de plano de
carreira.
Ampliação
e valorização das equipes de saúde da família e agentes de endemias;
Promoção
de mecanismos de medicina preventiva;
Implantar
e manter instrumentos de capacitação e qualificação dos agentes patrimoniais;
Fortalecer
a atenção primária como estruturante do sistema de saúde da família, construído
uma rede de serviços de cuidados integrais de saúde em todos os ciclos de vida;
Humanizar
o atendimento no hospital municipal de Marabá através de qualificação e
aperfeiçoamento dos profissionais da triagem;
Ampliar
os serviços de CAPS no município;
Manter a
gestão pública do hospital municipal;
Ampliação
dos postos de saúde e valorização de seus profissionais;
Assegurar
uma politica de educação em saúde permanente em saúde; estabelecer convênios
com universidades, valorizando os profissionais de saúde e humanizando o
atendimento;
Fortalecer
o controle social e possibilitar a participação popular na construção do SUS;
Atualizar
o Plano de cargo, carreira e remuneração para os trabalhadores da saúde;
4 – Política Urbana
A realização de uma reforma urbana,
que reduza as desigualdades sociais e discuta o espaço urbano, pensando nos
problemas do habitat: moradia, meio ambiente e serviços públicos como
transporte coletivo, água potável para todos, coleta, tratamento e destinação
adequada de resíduos sólidos, esgotamento sanitário com coleta e tratamento e
destino final.
A precisamos combater a especulação
imobiliária que exclui o acesso da casa própria e o acesso a cidade, pois
afasta a população mais carente das áreas urbanizadas sendo negados transporte,
saúde, educação e saneamento básico. Temos que construir casas populares dentro
da cidade para que a população tenha acesso aos serviços públicos perto de sua
casa.
O
transporte urbano é muito deficiente em Marabá. Existe um sistema sucateado a
partir do monopólio do serviço prestado por empresas que não respeitam o povo,
oferecendo um serviço de péssima qualidade. Propomos criar a empresa de
transporte municipal e estimular o cooperativismo na prestação do transporte
coletivo quebrando o monopólio empresarial.
Criar Departamento
e qualificar equipe de captação de recursos para implantar politicas urbana;
Implementação
das metas e diretrizes do Planos Locais de Habitação de Interesse Social;
Implementar
e desenvolver o Programa de Regularização Fundiária Plena;
Fortalecer
o conselho municipal da cidade garantindo suas atribuições, assegurando
infra-estrutura e autonomia politica para o seu pleno funcionamento;
5 – Segurança
Política
de segurança pública não é apenas construir cadeia. A violência parte da
exclusão social do sistema capitalista, que deixa homens e mulheres sem acesso
a educação e saúde de qualidade, sem perspectivas de vida melhor, essa exclusão
causa a violência nas cidades. Política de segurança deve fazer parte de um
conjunto de ações com outras áreas sociais que passa pela geração de emprego,
distribuição de renda e priorizar a urbanização da periferia. E estimular
projetos esportivos e culturais com a juventude, que é a principal atingida
pela violência. E criação de um centro de socialização de dependentes químicos.
A
política de segurança municipal deve ser pautada dentro de um eixo de inclusão
social que coordene politicas publicas que promovam educação gratuita e de
qualidade, ações promotoras de cultura, esporte e lazer, saneamento básico,
reforma urbana, economia solidária, serviços de saúde próximo aos moradores, eficiência
do serviço de iluminação pública, entre outras medidas de inclusão;
6 - Inclusão Social
Realizar
diagnostico municipal sobre a situação de adolescentes em situação de risco;
Avançar
no processo de execução do Sistema Único de Assistência Social, fortalecendo e
ampliando o CRAS e CREAS;
Efetivar
programas estratégicos para as famílias articuladas com as politicas de
infra-estrutura, inclusão social, educação, cultura, lazer, saúde, trabalho,
renda e a rede sócio assistencial;
Fortalecer
e estruturar a atuação dos conselhos tutelares;
Desenvolver
o programa de valorização dos trabalhadores da assistência social, viabilizando
o SUAS-RH;
Implantar
o plano de cargo, carreira e salários dos trabalhadores da assistência social;
Criar o
sistema municipal de cultura para o gerenciamento democrático da política
municipal de cultura;
Investir
na capacitação e na formação profissional de recursos humanos na área cultural;
Investir
na formação e capacitação dos produtores e dos trabalhadores em cultura;
Estimular
a produção e difusão cultural, fortalecer o fundo municipal de cultura
ampliando os recursos para esse fim;
Fortalecer
o conselho municipal de cultura garantindo autonomia, eleições democráticas e transparentes;
7 - Esporte e Lazer
Ampliar
e recuperar equipamentos e espaços de esporte e lazer;
Implantar
projetos de inclusão social a partir do esporte na escola;
Criar o
conselho municipal de esporte e lazer para proposição, acompanhamento e
fiscalização de recursos;
Garantir
acesso a informações dos recursos disponíveis para o esporte e lazer,
garantindo também formação para a captação de recursos por parte de atletas,
dirigentes esportivos e comunitários;
Desenvolver
medidas educativas de proteção e manutenção das praias do município;
8 – Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente
Apoiar a formação de um fórum de
entidades em defesa da Amazônia e de suas riquezas;
Combater à pobreza no campo através
da implantação de sistemas de abastecimento de água comunitários, com
articulação junto ao governo federal para a universalização da eletrificação
das propriedades rurais e a regularização fundiária plena.
Fomentar a diversificação da pauta
de produtos da agricultura regional, a produção alternativa, incentivando a
agricultura orgânica, fruticultura, olericultura, plantas medicinais,
floricultura, criação de pequenos animais,
a caprinocultura, entre outros;
Atuar
em conjunto com os órgão do governo federal e estadual na execução de ações de melhoria
e conservação da rede rodoviária municipal, realizando a pavimentação de ruas nas vilas e distritos.
Fortalecimento da assistência
técnica como instrumento estratégico da construção de um novo modelo de
produção no campo, implantando massivamente um novo paradigma produtivo
ambientalmente sustentável;
Assistência Técnica, extensão rural
e capacitação sistêmica e continuada;
Assumir a Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária
- ATES e incorporar
projetos especiais, tais como: transição agroecológica, produção de sementes
crioulas, produção de leite a pasto, implantação de agroflorestas, crédito
assistido com recursos públicos conveniados com as organizações dos
camponeses/as;
Garantir os princípios de uma
política de ATES Pública e gratuita a partir da Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Agrário;
Articular mecanismos de avaliação da
atuação de empresas prestadoras de assessoria técnica vinculada ao ATES;