quarta-feira, 7 de março de 2012

SALVE HOJE A ÁGUA DE AMANHÃ

SALVE HOJE A ÁGUA DE AMANHÃ
* Manoel Rodrigues da Silva



A ONU – Organização das Nações Unidas, através da sua assembléia Geral, decidiu criar o “DIA MUNDIAL DA ÁGUA (22 DE MARÇO) durante a realização do encontro da Terra no Rio de Janeiro, com o objetivo principal de sensibilizar os seus países membros para a exploração dos recursos hídricos de maneira racional. A decisão de celebrar o Dia Mundial da Água coincidiu com a tomada de consciência sobre o problema da água, recurso até então considerado como inesgotável.
                A preocupação com este tema tem nos levado a promover debates, realizar seminários e publicar periódicos sobre a questão, na tentativa de alertar e conscientizar  a população do desafio que tenhamos que enfrentar para garantir a sobrevivência das gerações presente e futura. 
                A água é o recurso natural mais importante para os homens, animais e plantas. É a fonte de tudo. Dá vida a outras vidas: protege o feto, sacia a sede do ser humano e dos animais, dissolve e distribui o alimento nos vegetais. Dela dependem as diversas atividades humanas, desde a produção de alimentos ao esporte, da geração de energia à navegação, da indústria ao lazer. E toda a evolução das espécies está intimamente ligada a ela.
Não é a toa que as grandes cidades surgiram as margens dos rios.  Egito transformou numa invejável civilização graças ao rio Nilo, que é o maior rio do mundo em extensão. A Inglaterra cresceu junto ao Tâmisa, na França o rio Sena teve e continua tendo uma importância fundamental. O que seria da Rússia sem o rio Volga, a Pérsia sem os rios Tigre e Eufrates? Os Incas evoluíram às margens do lago Titicaca. Já nos Estados Unidos os rios Mississipi-Missouri foram vitais para a construção de um grande país.
No Brasil, os rios Amazonas, São Francisco, Paraná, Araguaia e outros também cumpriram e cumprem o papel de garantir a sobrevivência de milhões de pessoas, desde o tempo da colonização portuguesa até os dias de hoje. Registra-se que o rio Amazonas é o primeiro do mundo em volume de água e o segundo maior rio do mundo em extensão, medindo 6.437 km desde a sua nascente no alto dos Andes, na América do Sul, até sua foz no norte do Brasil. (Filho, 1999)
A terra tem aproximadamente 2/3 de sua superfície cobertos pelos oceanos e mares variando entre 65% a 71% a depender da fonte pesquisada. De fato, em termos gerais a água é abundante, estando presente nos seres vivos, no ar, no solo, no subsolo e nos demais corpo d´gua propriamente ditos. Um recém nascido é constituído por mais de 90% de água. Já o homem adulto, por coincidência, tem no seu corpo 2/3 de água, variando também na mesma proporção da água no planeta.
Apesar de se constituir num elemento vital para o ecossistema, e de ser básica para as diversas atividades humanas, sociais e econômicas, a água tem se tornado escassa progressivamente, tanto em qualidade quanto em quantidade.
 Os países desenvolvidos terão problemas técnicos e econômicos dos mais complexos diante do crescimento demográfico e da explosão urbana, bem como das necessidades crescentes da agricultura e da indústria, aliado ao aumento constante das formas de poluição e degradação dos recursos hídricos. (Filho, 1999)
Para se ter uma idéia do desafio a ser enfrentado observe os números: 97% da água do planeta estão nos mares, portanto salgada, não serve nem para uso industrial. A água mais pura da natureza está nas calotas polares e nas geleiras (2,3% da água do planeta). Os lençóis subterrâneos, lagos, rios e a atmosfera guardam o 0,7% restante, ou seja, em outras palavras podemos dizer que de cada 100 gotas de água no planeta, 97 estão nos oceanos, 3 nas calotas restando apenas uma gota disponível para o consumo humano. (Teixeira, 2003) 
Por ser essencial ao homem e ter reservas limitadas no planeta, a água está subindo ao palco para se tornar o personagem de um grande debate mundial. Sua crescente escassez em diversas regiões a tem transformado num produto estratégico e alvo da cobiça de poderosos empresários, todos ávidos em transformar o precioso liquido numa fonte de lucros, não importa sua conseqüência para a humanidade. É bom salientar que, segundo a ONU, dentro de 25 anos a falta de água vai comprometer seriamente a vida de pelo menos 50 nações.
O problema da escassez de água está atingindo proporções alarmantes. Em 1972, a Conferencia das Nações Unidas sobre o meio ambiente em Estocolmo já prenunciava uma crise mundial da água. Na década de 1990, o Comitê de Recursos Naturais das Nações Unidas confirmou que 80 países, que representavam 40% da população mundial, padeciam de grave carência de água e que em muitos casos esta falta era um fator limitante para o desenvolvimento econômico e social. A escassez de água atinge hoje mais de 460 milhões de pessoas. Se não for alterado o estilo de vida da sociedade, um quarto da população mundial sofrerá este problema nas próximas décadas. (Teixeira, 2003)
A disponibilidade de água em alguns paises, a exemplo de Tunísia, Israel, Jordânia, Líbia, Malta e Territórios Palestinos já atingiu níveis alarmantes. Cientistas de organismos internacionais têm alertado que nesse milênio o mundo assistirá guerras de nações lutando pelo controle de rios e mananciais hídricos. (FNU, 1999)
Dono da maior reserva, com 12% de todo o estoque de água doce do planeta, o Brasil é o alvo preferido e já está sob forte ataque de grupos internacionais oriundos da França, Estados Unidos, Inglaterra e Espanha que aqui vem se instalando com o objetivo de beber altos lucros apossando-se das companhias estaduais e serviços públicos municipais de água e esgoto e das empresas geradoras de energia, pois quem detiver o controle da água do planeta terá condições de ditar as regras no mundo. (FNU, 1999)
Não podemos permitir que a falta de dignidade dos nossos governantes de hoje arraste todos nós para um futuro sem esperança, sem perspectiva, sem soberania – futuro no qual o simples gole de água pode nos exigir cada vez mais dinheiro para saciar a sede e a ganância de multinacionais comprometidas unicamente com o lucro. Quem tiver recursos, bebe, do contrário morrerá de sede. Isso é inaceitável.

*Funcionário público, Graduado em  Ciências Naturais – Biologia pela UEPA. Email: manoeldagua@yahoo.com.br

BIBLIOGRAFIA

FILHO, Aberlado de Oliveira. “Terra, Planeta Água”.  Federação Nacional dos Urbanitários, Salvador – BA: 1999.
Revista FNU – Em defesa das águas. Federação Nacional do Urbanitários. Brasília – DF: 1999.
TEIXEIRA, Wilson....{et al.] Decifrando a Terra. Oficina de Textos, São Paulo. 2003 



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